Água ou amor? Água e amor!

Por Padre Helio Fronczak

A cena é trivial: um adulto questiona um menino sobre uma prova escolar. A pergunta, “Essencial para todos os seres vivos e começa com A… Como você conseguiu errar? É lógico que é a água”, busca uma resposta óbvia, ligada à subsistência física. A réplica do garoto, singela e direta – “Amor” –, subverte a lógica aparente e abre uma reflexão mais profunda sobre o que realmente sustenta a vida. A contraposição entre a resposta esperada e a resposta dada na imagem não é apenas um gracejo, mas um convite à introspecção.

Enquanto a água é, inegavelmente, a fonte da vida biológica, o amor, na sua essência mais pura, especialmente o amor cristão (ágape), revela-se como o motor da vida plena e significativa. O amor cristão transcende o sentimento, manifestando-se como uma atitude de entrega, perdão e serviço incondicional. É a capacidade de ver o outro com dignidade, de estender a mão sem esperar retorno, de construir pontes onde antes existiam abismos ou muros. Esse amor não se restringe a laços de sangue ou amizade; ele se derrama sobre todos, abrangendo o próximo, o diferente, e até mesmo aqueles que nos desafiam e são inimigos.

Para a humanidade, o amor cristão oferece um alicerce sólido para a construção de uma sociedade mais justa e comiva. Ele é a “água” que irriga as relações humanas, promovendo a empatia, a solidariedade e a esperança. É o princípio que desarma conflitos, que inspira a caridade e que impulsiona a busca pela verdadeira fraternidade. No cenário atual, muitas vezes marcado pela individualidade e pela polarização, a mensagem do amor do menino se torna um farol. Ela nos lembra que, para além das necessidades materiais e das conquistas intelectuais, a capacidade de amar e de ser amado é a essência mais vital. É por meio desse amor que a vida se torna não apenas possível, mas abundantemente rica e verdadeiramente humana, saciando uma sede que nem mesmo toda a água do mundo pode aplacar. 

A imagem do diálogo entre o adulto e a criança revela que a vida tem necessidades básicas e profundas. Enquanto o adulto foca no essencial para o corpo, a criança, com a pureza do “Amor”, aponta para o que realmente nutre a alma e dá sentido pleno à nossa existência.

Compartilhe essa Notícia

Leia também